A força da multidão está na confiança e na crença de que, aquilo que se divulgou e que se comprometeu, é exatamente aquilo que irá ser executado. É um mercado que não permite desvios (ao menos não sem uma punição comercial violentíssima através das redes sociais), tampouco busca culpar inocentes em razão dos culpados. É um mercado que age de forma implacável com o mentiroso, com o enganador, com o esperto, com o descomprometido.
Como tudo está online e tudo é compartilhável, qualquer deslize por parte do gestor do projeto relativamente a informação real e a divulgada, transformam-se em ondas incontroláveis de execração pública e eliminação por completo de novas tentativas.
E entre os diversos segmentos que podem ser contemplados com o financiamento coletivo está o imobiliário, setor que não para de crescer no Brasil. Entretanto, segundo minhas análises, esta categoria possui alguns traços peculiares e únicos, que merecem uma atenção em especial.
Esse movimento já começou no Brasil, mas de forma tímida, novamente em razão dos entraves burocráticos e legais. Porém, especialmente nos EUA, tem sido uma das expressões mais fortes de reaquecimento da economia norte americana, especialmente após o presidente de lá promulgar uma legislação especifica que trata e regulamenta o tema, ao menos em seus pontos principais, conhecida comoJobs Act.
Em resumo, trata-se do financiamento dos antigos “clubes de investimento”, onde pessoas que queriam adquirir participações ou aquisições de maior vulto, reuniam-se com seus pares e “cotizavam” um capital em dinheiro para determinada finalidade. Em outras palavras, se alguém queria comprar um prédio e não tinha o valor total, reunia os amigos e somavam tantas cotas quantas fossem necessárias para viabilizar a compra do prédio. Ao final, com a revenda ou aluguel do imóvel, rateavam entre si os resultados.
Na prática, o financiamento de clubes de investimento está ancorado no mercado imobiliário, em primeira instância. Existem dezenas de segmentos potencialmente promissores (eu mesmo fiquei impressionado com alguns que encontrei, tais como comprar poços de petróleo no Texas com financiamento coletivo, ou construir o maior condomínio vertical do mundo, etc) mas o mais expressivo até o momento sem dúvida alguma é o imobiliário.
Seja para a compra de imóveis e revenda, seja para a compra de terras, construção ou compra e aluguel, o mercado de financiamento coletivo cresce em números dezenas de vezes mais rápido do que todos os demais reunidos. No Brasil especialmente, em que existe demanda reprimida para habitação e locação de imóveis de alto desempenho e modernidade, mostra-se um prato cheio para os empreendedores do ramo estruturarem e idealizarem seus próximos passos.
A força da coletividade em financiamentos desse tipo está esbarrando em regulações da década de 60/80, onde os mercados, ainda muito fechados, tentavam regular tudo aquilo que não podiam controlar, especialmente no Brasil em que as questões democráticas estavam em franca decadência.
Contudo, como somos um país legalista, de fundamentação legal anglo-saxônica, baseada não nos costumes mas na legislação escrita, sem a devida modernização legal, esse ramo de atividade continua travado, estando adstrito somente aos chamados “investidores qualificados”, tornando-se um limitador não para os projetos, mas para quem pode efetivamente investir neles. A CVM, Receita Federal e Banco Central precisam urgentemente produzir ou rever suas instruções normativas para que essas atividades deixem de navegar no limbo e tornem-se prósperas geradoras de emprego e renda.
Um dos exemplos mais significativos e inspiradores nesse segmento está na rede Prodigy Network (www.es.prodigynetwork.com) atualmente envolvida em uma operação bilionária de crowdfunding e rodada de investimentos. A história dessa rede de financiamento coletivo especializada em imóveis (real state) impressiona pela audácia e pelo sucesso. Surgida em 2003, lançou um arriscado projeto de construir o primeiro arranha-céu na capital colombiana de Bogotá, denominado BD Bagata através de financiamento coletivo (http://es.prodigynetwork.com/portfolio_projects/bd-bacata/).
Não só conseguiram atingir a meta (será entregue em 2015) como lançaram outros projetos ainda mais audaciosos, que envolvem prédios comerciais em Mannhatan (NY, USA) e os consagrou como o maior recordista em campanhas de arrecadação para financiamento coletivo imobiliário da história mundial.
Outro exemplo emblemático e de inovação dentro do próprio segmento de financiamento coletivo, são os refinanciamentos de imóveis privados, propondo taxas anuais de juros bem interessantes aos investidores. Mais detalhes sobre esse formato pode ser estudado no site www.crowdproperty.com .
Como vocês podem notar, os segmentos foram exemplificativos. Como tudo é muito novo, novas formas e divisões podem ocorrer, mas nesse momento nos parece a mais adequada ao que temos visto no mercado.
Importante notar que, comum a todos os segmentos, está o compromisso de lealdade dos arrecadadores com seu público alvo, seus financiadores. Afinal, por mais lindo e completo que esteja o projeto, por mais que os sites possuam equipes altamente capacitadas para análise de situações de risco, e por mais que essas equipes sejam especializadas em analisar os potenciais negócios, a empatia entre o financiador e a ideia global ofertada pelo arrecadador ainda é o fator de maior relevância nesse segmento.
*Este artigo é parte integrante do e-book Vinicius Maximiliano Carneiro “Dinheiro na Multidão” – Oportunidades x Burocracia no Crowdfunding Nacional. A obra tem como missão ser a primeira do segmento no país, destacando-se pela objetividade, pelos detalhes práticos e pela análise concisa de uma inovação financeiramente incomparável. Para ler na integra, acessehttp://viniciuscarneiro.adv.br/. Quem se cadastrar no site, gratuitamente, receberá informações sobre o mercado de crowdfunding e conferir vídeos explicando todo o funcionamento burocrático de uma transação de crowdfunding.
Vinicius Maximiliano Carneiro
Comunicador Corporativo
www.viniciuscarneiro.adv.br